Campeonato mundial

sábado, 26 de março de 2016
Boa tarde!

Entre os dias 30 de março e 3 de abril será disputado o campeonato mundial de patinação no gelo em Boston, nos Estados Unidos. Esse é o mais importante campeonato da temporada, junto com a final do Grand Prix.

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Fonte


Segue o calendário das apresentações:

30 de março

11:45 - 16:14 - curto dança
18:00 - 18:45 - cerimônia de abertura
19:15 - 23:51 - curto masculino

31 de março

13:10 - 18:54 - curto feminino
20:30 - 23:49 - longo dança

1 de abril

14:15 - 17:53 - curto pares
19:45 - 23:52 - longo masculino

2 de abril

13:54 - 16:53 - longo pares
20:00 - 23:55 - longo feminino

3 de abril

15:00 - 17:15 - exibição


Atualização

O evento será transmitido pelo canal Sportv. No dia 30, a transmissão ao vivo está marcada para 19:10 (se for mesmo ao vivo será o curto masculino). No dia 31, o horário é 20:25, também ao vivo (horário do longo de dança). No dia 1º, há dois horários: 7:30 (não tem indicação de ser ao vivo) e 19:40 (ao vivo, longo masculino). Ainda não tem programação bem arrumada para o dia 2, mas eu chutaria que devem passar o longo feminino por volta de 20 horas e talvez os pares por volta das 14. Todas as transmissões serão no canal Sportv 2, exceto pela de 19:40 do dia 1º de abril, que está marcada para a Sportv 1.
Mais informações estão disponíveis no site da Sportv aqui

Minha ideia é acompanhar os eventos masculino e feminino conforme forem acontecendo. Geralmente demoro muito para ver os campeonatos, mas como vai ser transmitido pela TV e é o campeonato mais importante do final da temporada, vou  tentar acompanhar de perto essas categorias. Então, esperem mais posts do blog sobre isso.


 
Até mais!

O que é um Axel?

sexta-feira, 18 de março de 2016
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Boa noite!

Talvez uma das maiores frustrações de quem começa a acompanhar a patinação seja ficar boiando completamente com os nomes de saltos e outros movimentos. Quem já teve a experiência de assistir um campeonato narrado deve entender do que eu estou falando. As TVs simplesmente não tem tempo para explicar exatamente o que são todos os movimentos, então a impressão que dá é que acaba tudo virando uma sopa de letrinhas.

Apesar disso, não é muito difícil reconhecer os principais movimentos. Basta um pouco de experiência para começar a reconhecer cada elemento. Já saber quantas voltas alguém dá no ar ou se tocou o chão na posição correta é tarefa bem mais complicada. Muitas vezes é necessário o uso de replay em câmera lenta para se ter certeza desses detalhes. Esse é um recurso utilizado também pelos juízes das competições na hora de decidir as notas.

Para começar, vamos uma rápida explicação sobre fios, seguida do salto mais fácil de reconhecer: o Axel.

 Fios do patins

 Quando falamos de saltos e outros movimentos, é muito importante saber um pouco de como se patina no gelo. Para nos movimentarmos nessa superfície, cortamos o gelo com a lâmina, mantendo os pés em diferentes ângulos, conforme a imagem a seguir:

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 Na patinação artística, todas essas posições são usadas para criar força a partir do movimento e do trabalho muscular e com isso realizar determinados elementos. No caso dos saltos, há uma série de movimentos a serem feitos antes de sair do chão para garantir que o patinador tenha a impulsão necessária para conseguir dar voltas no ar e descer na posição certa. É pura física. Observem no vídeo abaixo como o patinador faz uma série de movimentos antes de saltar.



O importante disso tudo é saber que há diferentes posições da lâmina em relação ao solo e dependendo disso teremos diferentes saltos e movimentos.

Em inglês, muitas vezes a indicação dos fios vem com as seguintes siglas:

Fio externo do pé direito para frente - RFO (right forward outside edge)
Fio externo do pé direito para trás - RBO (right backward outside edge)
Fio externo do pé esquerdo para frente - LFO (left forward outside edge)
Fio externo do pé esquerdo para trás - LBO (left backward outside edge)
Fio interno do pé direito para frente - RFI (right forward inside edge)
Fio interno do pé direito para trás - RBI (right backward inside edge)
Fio interno do pé esquerdo para frente - LFI (left forward inside edge)
Fio interno do pé esquerdo para trás - LBI (left backward inside edge)

 

Axel

 O nome é uma homenagem ao patinador Axel Paulsen, que foi o primeiro a executar o salto, em 1882. É o que se chama de "edge jump", que significa que o salto se dá com apenas um pé tocando o gelo, usando o movimento do corpo para decolar. Desde então, é muito utilizado em apresentações, sendo elemento obrigatório para várias competições.

Ele é executado conforme a figura a seguir:

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Fonte

De início, o patinador patina para frente, utilizando o fio externo do pé esquerdo. Então, joga o pé livre e o braço para a frente, criando a força para subir. No ar deve dar no mínimo uma volta e meia, pousando de costas no fio externo do lado direito. Para ser bem sucedido, deve dar no mínimo uma volta e meia. Caso dê somente meia volta, não é mais considerado o Axel, mas o Waltz, um outro salto, conforme mostrado abaixo.


Para quem quer saber de mais informações técnicas sobre o Axel, sugiro os vídeos abaixo:






A pontuação básica do Axel nas competições depende de quantas voltas o patinador faz no ar antes de tocar o chão. Os valores estão na tabela abaixo:

Axel Simples      1.1    
Duplo Axel         3.3    
Triplo Axel          8.5    
Quádruplo Axel  12.0


Nas competições femininas mais importantes, geralmente as atletas executam o duplo Axel. Até hoje, apenas 6 conseguiram executar o triplo Axel em competições internacionais. Competindo atualmente, temos Mao Asada e Elizaveta Tuktamysheva.

Já os homens tem uma facilidade maior para executar o salto, por causa da maior força muscular. É padrão a execução do triplo Axel em competições internacionais. ao contrário de outros saltos, até hoje ninguém conseguiu fazer o quádruplo Axel, por causa da necessidade de dar meia volta a mais do que os saltos nos quais o patinador fica de costas.

E por que é tão fácil reconhecer? Porque quase sempre é o único salto feito de frente. Não é necessário saber nada de posição dos fios ou ter o olho treinado para detalhes. Se alguém pula de frente numa competição profissional, é certeza que está tentando fazer um Axel.

Por fim, deixo alguns vídeos de atletas fazendo o salto.

Alguns triplo Axels do Yuzuru Hanyu


Triplo Axel da Mao Asada

Triplo Axel da Elizaveta Tuktamysheva


Tentativa de quádruplo Axel



Até semana que vem!


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Yuzuru Hanyu

sexta-feira, 11 de março de 2016
Hoje completa 5 anos do terrível terremoto que atingiu o Japão em 11 de março de 2011. Foi o mais poderoso sismo já registrado no Japão e o quarto maior já registrada desde o início da aplicação dos modernos métodos de medição, em 1900.  Mas pouca gente sabe que o atual campeão olímpico masculino de patinação tem uma história pessoal sobre o incidente. Eu falo de Yuzuru Hanyu, provavelmente o melhor e provavelmente o mais popular patinador da atualidade. Vamos ver um pouco da vida desse atleta e como conseguiu superar todos os problemas.

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 Histórico e carreira


Ele nasceu em 1994, em Sendai, no Japão. Começou a patinar com quatro anos. Na temporada 2009-2010 ganhou tanto a final do Grand Prix quanto o mundial, ambos na categoria junior, despontando como uma grande promessa da patinação japonesa.

Na temporada 2010-2011, ele resolveu subir para a categoria sênior, tendo alguns resultados bem expressivos para um iniciante, como o segundo lugar no Campeonato dos Quatro Continentes.

Porém, no início de 2011, um terrível evento que ameaçaria sua carreira. Em 11 de março, enquanto treinava no seu clube em Sendai, um grande terremoto atingiu a região.

De início, Yuzuru tentou se manter no gelo em meio ao violento tremor. Logo depois, abandonou rapidamente o prédio, sem ter tempo nem de colocar o protetor de lâminas, fazendo com que seus patins estragassem. Durante o evento, sua casa ficou danificada, sendo forçado a passar dias em um ginásio usado para abrigar refugiados. Posteriormente, Yuzuru e outros patinadores fizeram um show beneficente para ajudar as vítimas do terremoto. Na página do blog no Facebook tem um documentário sobre as experiências dele durante o incidente. Infelizmente, o vídeo está disponível apenas em japonês, mas traduzimos algumas falas. Dá para entender um pouco do drama que ele passou nessa época.

Na temporada 2011-2012 ele continuou progredindo, chegando pela primeira vez a final do Grand Prix, onde ficou em quarto lugar. No mundial do mesmo ano, ficou em terceiro no mundial. Na temporada seguinte, conseguiu sua primeira vitória no nacional, além de ter ficado em segundo na final do Grand Prix.

Mas certamente foi na temporada de  2013-2014 que se consolidou como melhor patinador da atualidade. Venceu o Grand Prix e o mundial. Mas certamente a conquista mais marcante foi a medalha de ouro nas Olimpíadas de Sochi. Hanyu, então com 19 anos, se tornou o primeiro japonês a vencer a categoria masculina e o atleta mais novo a vencer o título desde 1948.

O ano seguinte foi um pouco mais difícil, devido a uma série de contusões. Mesmo assim, Hanyu venceu o Grand Prix, o nacional japonês e ficou em segundo no mundial.

Na temporada atual, Hanyu vem tendo um ótimo desempenho. Na etapa NHK do Grand Prix quebrou o recorde mundial do programa longo masculino. Posteriormente, na final do Grand Prix disputada em Barcelona, quebrou os recordes dos programas curto e longo, ficando com um total de 330.43 pontos, vencendo a competição pela maior margem já obtida em uma final de Grand Prix. Javier Fernandez, o segundo colocado, ficou 35.1 pontos atrás dele.

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Reação de Yuzuru ao ver sua nota na final do Grand Prix 2015

Por que ele se destaca?

 

Yuzuru é um patinador completo, e por isso se destaca tanto. Na parte dos saltos, não apenas ele é capaz de fazer três tipos diferentes de saltos quádruplos como faz uma combinação quádruplo toe + triplo toe, ganhando uma grande quantidade de pontos. No momento, a dificuldade técnica do seu programa nas competições ainda está muito acima da que seus concorrentes apresentam no momento. Se ele faz uma apresentação limpa, dificilmente será ultrapassado por alguém. E se comete um erro, ainda tem uma boa margem para se manter na frente.

Além dos saltos, Yuzuru se destaca nos giros. Ele é capaz de fazer o biellman, que requer uma elasticidade muito grande e que em geral apenas as melhores atletas femininas conseguem fazer.

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Yuzuru fazendo um biellman

A parte artística também não é problema para ele. Na final do Grand Prix de 2015, recebeu notas entre 9,5 e 10 em todos os componentes do programa.

Vida pessoal

 

O sucesso de Hanyu no gelo é acompanhado por muita fama fora dele. Ele é bem conhecido dentro e fora do Japão. Já fez vários comerciais, programas de TV e até mesmo participou de um filme, como também já foi mostrado na nossa página do Facebook.

Yuzuru treina em Toronto desde 2012 com o famoso técnico Brian Orson. Além da vida de patinador, atualmente cursa Informática Humana e Ciências Cognitivas na universidade Waseda.


Com todas essas conquistas, certamente Yuzuru ficará na história da patinação, ainda que seus recordes sejam quebrados no futuro. Para terminar, deixo os vídeos das apresentações no Grand Prix de 2015, que são os atuais recordes dos programas curto e longo masculino.



Programa curto



Programa longo
 


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[Pontuação] Parte 1: Enfrentando o monstro

sexta-feira, 4 de março de 2016

Oi, tudo bem?


Talvez o aspecto mais polêmico da patinação artística seja a pontuação. É um procedimento complicado, alvo de enormes controvérsias e que sofreu mudanças radicais há algum tempo atrás. Por isso, vou fazer uma série de posts sobre pontuação. A intenção é ir do básico ao avançado, de modo que cada um pode decidir até que ponto quer saber sobre pontuação. Hoje, teremos o básico para você não ficar boiando na hora que aquelas notas esquisitas aparecerem na TV ou na tela do seu computador enquanto você assiste uma competição. 

Vamos nos focar no sistema de pontuação da ISU (International Skating Union), que é a base para os eventos internacionais. A ISU é o órgão internacional que trata de patinação artística e patinação de velocidade. Não sei se há algum tipo de regra alternativa em algum evento local, principalmente  amador. O que vai nos interessar para as competições mais relevantes é o que a ISU diz.


Regra dos 6 pontos

Para começar, vamos ver como era a antiga regra dos 6 pontos, adotada até o início dos anos 2000. Um grupo de juízes (de 3 a 9, dependendo da competição) davam duas notas cada um para cada competidor. Uma media o mérito técnico e a outra o mérito artístico. Ambas variavam entre 0 e 6.

A subjetividade desse sistema era um prato cheio para injustiças e até mesmo para conchavos, como o famoso escândalo das Olimpíadas de Salt Lake, em 2002, que foi o estopim  para a mudança da regra. Na época, o par russo Elena Berezhnaya e Anton Sikharulidze ganhou a medalha de ouro, derrotando os canadenses Jamie Salé e David Pelletier, em uma decisão muito contestada. Após a competição, a juíza francesa  Marie-Reine Le Gougne acabou confessando que fora pressionada pelo presidente da federação francesa, Didier Gailhaguet, a dar vantagem ao par russo, em um acordo para beneficiar a equipe francesa na competição de dança no gelo.

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Fonte

O escândalo foi tão grande que o presidente da federação francesa foi afastado e os dois pares foram considerados campeões. Mas por causa do ocorrido, a ISU reformulou completamente o sistema de pontuação, elaborando o atual sistema, no qual cada elemento é julgado separadamente. A ideia era evitar a corrupção e criar parâmetros mais justos e objetivos.


Sistema atual

Então, como os juízes decidem hoje em dia? Com isso:


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Há um complexo protocolo no qual cada elemento é julgado separadamente. Existe uma divisão básica que podemos perceber logo de cara. Há uma nota para os elementos técnicos (technical elements score, muitas vezes abreviada por TES) e outra para os componentes (program component score).

A nota dos elementos técnicos leva em consideração um valor básico de execução para cada elemento, conforme a dificuldade de  execução. Esse valor é somado a nota de execução (grade of execution, abreviado por GOE), um valor entre -3 e +3 dado por cada juiz, avaliando como esse movimento foi executado. O anonimato de cada juiz é respeitado.

A nota dos outros componentes é dividida em 5 partes: habilidades de patinação (skating skills), transições (transitions), performance/execução (performance/execution), coreografia (choreography) e interpretação (interpratation). Cada juiz avalia o elemento entre 0,25 e 10, com 0,25 de incremento. Ou seja, não pode haver uma nota que não termine em x,0; x,25; x,50; x;75. Porém, a nota final, que é uma média entre os juízes escolhidos, pode sim ser diferente disso. Ela não é arredondada.

Um computador escolhe a nota de 7 dos 9 juízes de maneira randômica. Desses, a maior e a menor são eliminadas, chegando ao resultado final. 

Existe um vídeo rápido e fácil resumindo o sistema de pontuação atual. Infelizmente, está em inglês e não tem legenda. Mas para quem quiser assistir, está aqui.



Bom, mas quais são as notas base de cada elemento?
O que significam aquelas sopas de letrinhas na parte de elementos executados no exemplo de protocolo que eu postei?
Quais os critérios para aumentar ou diminuir a nota?

Tudo isso é bem complexo e por isso fica para os próximos posts.


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