Olá, tudo bem?
Hoje vamos falar um pouco do filme Eu, Tonya (I, Tonya), inspirado na vida da patinadora americana Tonya Harding.
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O filme conta a vida de Tonya desde a infância até o famoso crime envolvendo a sua rival, Nancy Kerrigan. Poucos meses antes das Olimpíadas, Nancy foi atingida na perna, causando uma séria lesão. Descobriu-se que o ataque estava ligado ao ex-marido de Tonya. No filme, o foco é dado na relação de Tonya com sua mãe, LaVona Harding, e ao marido, Jeff Gillooly.
Fica claro desde o início que o filme cresce bastante por causa da interpretação de Margot Robbie. Apesar de não ser tão parecida fisicamente com a Tonya, o carisma dela acaba mantendo o interesse do espectador durante todo o filme. A atriz que faz a mãe de Tonya, Allison Janney, também tem uma ótima atuação interpretando um personagem que de tão bizarro só pode aparecer em um filme sendo real.
Um grande acerto do roteiro foi ter mostrado as informações contraditórias das diversas partes envolvidas, sem se fechar em apenas uma versão. Afinal, qualquer que fosse a escolha seria difícil de acreditar. Ao abraçar as contradições, o filme acaba dando ao público a possibilidade de pensar sobre o caso e tirar as suas próprias conclusões.
Há pontos que ficaram sem muito desenvolvimento, como a relação de Tonya com seu pai, com a sua treinadora e com a própria Nancy. O filme opta por desenvolver apenas os relacionamentos negativos de Tonya, que no final das contas foram os que mais influenciaram suas ações.
Também é bem interessante o fato do filme não vitimizar a protagonista, um recurso que seria fácil e poderia gerar um apelo emocional para muita gente. Apesar de ter sim sofrido abusos de sua mãe e de seu marido, Tonya não é apenas uma vítima indefesa das circunstâncias, mas alguém que poderia ter escolhido caminhos melhores, mas não o fez. Também fica clara a tendência de Tonya a achar que nada é culpa dela. Durante suas falas, essa inabilidade de assumir responsabilidades é bem destacada.
Algo que me incomodou um pouco foi a narrativa de que a patinação seria um esporte de "princesas" e Tonya tinha sua nota sabotada por não se enquadrar nesse padrão. Isso até pode acontecer em algum nível, mas assistindo as apresentações da Tonya real é notória a falta de bons componentes, com uma coreografia fraca e sem harmonia com a música. Ás vezes parece que para os movimentos apresentados no gelo não fazia diferença qual música estava tocando. Um bom exercício é assiti-la em comparação com a Midori Ito, que patinou na mesma época. A sensação que tenho é de que Tonya era primordialmente uma máquina de saltos. Para mim, o filme diminui o componente artístico do esporte a um estereótipo, quando na verdade a arte pode estar tanto em um programa com música clássica quanto em uma apresentação ao som de rock. OK, antigamente as coisas poderiam ser diferentes. Mas isso não apaga a falha da atleta e de sua equipe em montar programas mais sofisticados, mesmo que fora dos padrões clássicos.
As partes de patinação foram bem interessantes, quando comparados a outros filmes do gênero. Aqueles que acompanham o esporte mais de perto percebem certos detalhes, como a falta de rotação do triplo Axel da Tonya (principalmente comparado ao Axel limpo do vídeo original). Mas acredito que isso não tenha muita importância. Achei muito interessante o modo dinâmico que a câmera seguiu a Tonya enquanto patinava, nos colocando no centro da ação. Achei as cenas de patinação melhores do que os filmes que já vi sobre o esporte. Igualmente, a realidade dos patinadores (treinos, competições, etc) esteve mais presente, até porque era um filme baseado em fatos reais.
Enfim, achei o filme mais realista e bem feito que vi sobre patinação, embora tudo que envolta o caso seja surreal. Vale a pena conferir.
Até mais!
Enfim, achei o filme mais realista e bem feito que vi sobre patinação, embora tudo que envolta o caso seja surreal. Vale a pena conferir.
Até mais!